segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A última viagem de uma série...

Boas, noites, hoje vou escrever o que me vai na alma (talvez, o último post do ano), e a saudade ferroviária que ficou no meu pensamento, quando descobri umas fotos que já nem recordava que tinha feito, num fórum dos transportes.

Pois bem, 

Longe vai o tempo, em que eu, saia de casa ainda muito cedo, só para ir fotografar comboios. Naquela altura, ainda havia comboios decentes em Portugal, e para quem como eu, gostava das locomotivas da série 2600 e 1930, fotografar comboios com estas máquinas era qualquer coisa como um regalo para a vista!

Pois bem, no longínquo 11 de Janeiro de 2011, uma terça-feira muito fria e seca, e estando de folga, resolvi sair de casa e ir "caçar comboios" para a Linha da Beira Baixa, mais precisamente, Tancos. 

Levei comigo, a esposa, não estando habituada a estas aventuras, lá alinhou e talvez nem ela saiba como, em sair da caminha quente, e ir com o doido varrido do companheiro, fotografar comboios. Saímos de casa ainda de noite, com um frio que não lembra ao diabo, mas tinha na mente que iria ser um dia produtivo, e o meu objectivo, era tentar apanhar algum comboio ainda com as saudosas e castiças locomotivas eléctricas da série 2600...  Nos fóruns, corria o boato que já todas estavam encostadas, e se eu as quisesse fotografar, teria que ir ao Entroncamento, às oficinas ou à triagem...  Na altura, fiquei triste, mas com algumas dúvidas relativamente ao fim de serviço de todas as máquinas ainda que restavam aos cargos da CP no que tocava à carga, porque na parte dos passageiros, algum tempo que já tinham sido substituídas pelas 5600, mesmo na Beira Baixa.  

Não baixei os braços, isto num modo muito calão de escrever, e no dia 11 sai de casa, com a certeza que iria conseguir apanhar um comboio de carga com as minhas "locos" favoritas. O pessoal aficionado vai-se mantendo a par das noticias, mas não sabe sempre de tudo, e era esta a minha esperança.

Contudo...

Bom, contudo, na chegada a Tancos, a manhã estava fria, como normal para um dia de Janeiro, mas não corria vento, apenas uma chuva miudinha que tentava persistir. O sol esse, mostrou-se sempre muito tímido ao longo de toda a manhã. Enquanto eu revia os comboios de mercadorias, e até eram alguns, a companheira sentava-se no meio da vegetação, fumando um cigarrinho e dando uma vista de olhos numa revista cor de rosa, não a censurava, afinal de contas, ela estava ali comigo, talvez a fazer esforço para me agradar, mas depois notei que até ia à bola com a passagem dos comboios, muito perto de nós. 

Eles passavam, mas com locomotivas da série 5600, e a minha esperança começava a dar sinais de fraqueza e eu teria que dar razão aos "iluminados" de alguns aficionados, que afirmavam afincadamente que  "2600" só já mesmo no álbum das recordações... 

Mas...

Meio da manhã, revejo novamente os horários que tinha comigo numa folha A4, já muito maltratada, mas que ainda era bem visível ler os comboios previstos para esse dia. Na tal folha, estava marcado um comboio especial para a Praia do Ribatejo, e eu debatia-me que seria mais uma 5600 ou as novas 4700, bom uma ou outra seria, e seria também mais um registo monótono, num dia cinzento a um comboio... Passado uns 45 minutos de ter revisto os horários, e com cerca de 10 minutos de atraso, começo a ouvir uma barulho, que não era típico nem de 5600 nem tão pouco das 4700...   Coração começou a palpitar, como um aficionado por comboios que o sou, mas principalmente por esta série em particular, cujo razão, para se calhar ajudar-me no inicio a gostar de comboios, lá vinha o que eu tanto pedi aos santos dos comboios. Uma 2600!!

Lembro-me de ter fotografado o comboio, e seguidamente à sua passagem, ter andado feito tolo aos pulos uns quantos segundos, tal era a euforia, uma alegria colossal trespassava pelo meu corpo, e era possível ver-se aos olhos de todos, felizmente, só ali estava a Matilde, que ficou um pouco perplexa ao ver o namorado naquele estado, e talvez ficasse a pensar, onde estaria metida. Pouco depois, consegui conter-me, recuperar algum fôlego e explicar a situação a ela. 

Por mim, o dia estava ganho, e aqueles certos "iluminados" estavam redondamente enganados, quando pensavam, que só eles sabiam tudo... Mas acima de tudo, foi bom recordar aquele som tão característico da 2600, e aquela buzina de dois tons, que apenas as 1930, conseguem igualar.

De volta a casa, cheguei estafado, com olheiras de quem na noite anterior tinha dormido muito pouco, mas feliz, por ter trazido no cartão de memória umas quantas fotos da locomotiva da minha vida!

Boas entradas em 2014, pessoal!


   

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